Enecult, Salvador, BA, 2018.
O presente trabalho visa discutir e teorizar aspectos éticos da investigação audiovisual na fronteira entre o filme documentário e o denominado “ensaio fílmico” tomando como objeto de reflexão o processo de pesquisa empírica, registro imagético, edição e exibição do curta-metragem Filosofias do corpo no Cariri cearense (LÓPEZ GALLUCCI, 2018). Partindo dessa experiência de pesquisa audiovisual retomaremos os questionamentos éticos associados ao discurso documentário, à etnografia fílmica e às provocações filosófico-críticas do filme ensaio, cujas metodologias têm colocado em xeque as formas de subjetivação associadas à pesquisa empírica tradicional. Sendo o cinema entendido como um dispositivo de subjetivação que permite mostrar e sinalizar ao outro como eu o vejo (ROUCH, 1998; FREIRE, 2007), isso não exime o pesquisador de confrontar múltiplas aporias, entre “ver” e “poder” (COMOLLI, 2004) produtos de sua própria inserção em campo (FRANCE: 2008; GUBER, 2005). Ainda em sua primeira fase, esta investigação audiovisual das manifestações do corpo na cultura popular caririense, ao assumir a dança como parte da herança cultural do povo (ZEMP, 2013) se lança para uma indagação teórica que possa orientar novas políticas na preservação de células coreográficas, aspectos filosóficos vinculados ao corpo e suas gestualidades. A investigação sinaliza os processos de esquecimento sugeridos pelos próprios artistas, produtores, brincantes e bailarinos dos grupos de base que estão se mobilizando para minimizar o apagamento das memórias da arte corporal coletiva no Cariri.
Palavras-Chave: pesquisa audiovisual; ética; filosofias do corpo; esquecimento; identidade.