Projeto de Pesquisa | Arquivo, memória e Performance | PIBIC 2023-2024 ICHCA – UFAL

    Esta pesquisa na área de Filosofia pretende aprofundar o campo conceitual da Estética contemporânea em perspectiva decolonial e latino-americana. Daremos continuidade às investigações desenvolvidas nos últimos anos na rede do grupo FiloMove Filosofias, Artes e Estéticas da América Latina atuando transversalmente no Ensino, na Pesquisa e na Extensão acadêmica. No biênio 2023-2025 procuramos examinar o status filosófico e estético dos arquivos como “fonte”, “mídia” ou “objeto” e, em geral, sua utilização e função enquanto “recurso” da arte contemporânea; pois acreditamos que incorpora novos desafios ao debate filosófico sobre a cultura, em diálogo com a história da arte e com a estética latinoamericana.
   O percurso será dividido em duas fases. Na primeira fase, para nivelar conhecimentos entre os participantes, partiremos da conceituação da história e da crítica de arte tradicional europeia, das teorias do ‘gosto’ e da estética moderna para poder situar o salto teórico produzido na estética contemporânea em diálogo com as produções latinoamericanas. Aspiramos mapear as consequências filosóficas e estéticas na América Latina das metamorfoses suscitadas no objeto estético desde o fim da modernidade e, a partir do uso das novas tecnologias, nas Vanguardas, nas Neovanguardas e nas artes contemporâneas. As Vanguardas artísticas europeias se desenvolveram nas primeiras décadas do século XX até o Pós-Guerra. Essas novas tendências, em diálogo com a filosofia e a conjuntura geopolítica dos artistas, buscaram inovação estilística e tecnológica, desconstruindo o academicismo decimonónico em prol da renovação artística associada à crítica social, política, econômica etc. Enquanto as Neovanguardas podem ser definidas pelas produções dos anos de 1950 e 1960 de um agrupamento indefinido de artistas (principalmente norte-americanos e europeus, mas também de outras regiões como América Latina e Brasil), à luz do novo contexto econômico e político global e das novas tecnologias da internet, do vídeo etc. ressignificando procedimentos e técnicas da primeira Vanguarda. Na segunda fase, orientamos a investigação de cada Plano de Trabalho para o diálogo filosófico produzido entre as estéticas ameríndias e afrolatino-americanas contemporâneas e as formas de (re)inscrição de memórias (estéticas da memória, estéticas da ausência) a partir de obras que dialogam com arquivos institucionais – de acervos públicos e privados (partituras, documentos, leis, registros de memórias entre outros-, e arquivos orgânicos (Derridá); abordaremos arquivos audiovisuais do corpo como mídia na arte contemporânea e nas performances populares-.
   Ditos protocolos reflexivos com foco na Região alagoana, ativados no trabalho com os arquivos, expressam formas de filosofia em campo; em processos de elaboração do passado traumático de grupos comunitários da região e também desconstroem representações hegemónicas da memória coletiva. (BELTING, 2012; BOURRIAUD, 2013; DANTO, 2006; DERRIDA, 2001; DIDI HUBERMAN, 2009; FOSTER, 2001; TAYLOR, 2013; SCHECHNER, 1992). Nesta fase, serão investigados aspectos da memória popular alagoana em acervos públicos, semi públicos e coleções privadas da Cidade de Maceió.