O encontro da enunciação filosófica na nossa América: Geocultura e corporalidade em Günther Rodolfo Kusch

 

 

O encontro da enunciação filosófica na nossa América: Geocultura e corporalidade em Günther Rodolfo Kusch

Neste artigo buscamos nos aproximar de dois objetivos em redor da filosofia de Günter Rodolfo Kusch (Buenos Aires, 1922-1979). Abordaremos, como primeiro objetivo, o terreno conceitual da filosofia latinoamericanista e as condições de possibilidade a partir das quais desenvolve sua filosofia em termos de pensamento geocultural (América Profunda, 1962; El pensamento indígena y popular em América, 1970; Geocultura del hombre americano, 1975). Desejamos compreender aspectos do aporte de Kusch aos posteriores diálogos entre os Estudos Decoloniais e a nomeada História Intelectual da América Latina, que acarretaram consequências teóricas de impacto nas Ciências Humanas, Sociais e na Teoria Estética contemporânea. Em seguida, orientaremos esforços para o segundo objetivo, visando mapear como se expressam essas ideias na sua aproximação estética fundamentada em uma “ética do encontro” com o pensamento latino-americano. Indagaremos – na sua proposta de inversão da metafisica em termos de “estar sendo” (estar siendo, pre-recinto del ser) – como se dinamizam as corporalidades demoníacas e contra hegemônicas para pensar os dramas sociais ameríndios, rurais e urbanos, em termos geocultural e situado. A partir da enunciação sobre a corporalidade nas danças andinas, na zamba argentina (La zamba y los dioses, 1966) e no tango (Filosofia del tango, 1952; La luna y el tango, 1966, entre outros), a letra kuscheana extravasa a filosofia tradicional e expressa, nessa argumentação estética e nas reflexões sobre a dança, elementos que aportam um olhar original sobre o corpo enraizado e situado na paisagem latino-americana. Por meio dessas pistas, o filosofo nos confronta com saberes ancestrais pré-colombianos e formas da enunciação filosófica popular. Acompanhando sua proposta metodológica de uma “filosofia de campo”, seu percurso acessa artefatos populares, rituais e tecnologias corporais que expressam formas possíveis do pensamento como cocriação e expressão de comunidade como proposições geoculturais americanas.

 

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