Confluindo Tradições Estéticas, Richochette, UFG Goiás, 2016.
Neste trabalho propomos abordar os caminhos sonoros percorridos pelo herói proustiano no romance A prisioneira, quinto da série que compõe Em busca do tempo perdido de Marcel Proust. O herói apresenta uma mise en scène do método de interpretação que adota para acessar uma realidade mais plena na busca de sua verdade. Esse método, baseado no trabalho associativo, transforma seu corpo em um aparelho de percepção que funciona como um instrumento criador, à maneira de um diapasão, ecoando diversas camadas sonoras de ruídos, vozes, cantos, música. As reflexões sobre a imagem acústica contribuem com a ideia de que A prisioneira produz uma reviravolta estética, um deslocamento-chave no interior da Recherche, da metáfora óptica para a especulação linguística e, fundamentalmente, acústica. Este movimento expressa um vaivém entre o sem sentido do ruído e o sentido do sonoro, entre o caráter imediato da impressão direta e o distanciamento que produz a lembrança, como mecanismo psíquico do sujeito ficcional de nomeação e descoberta de sim.
Palavras-Chave: Filosofia contemporânea; Corpo; Som; Subjetividade; Marcel Proust.