Bordado como expressão artística e manifestação subversiva na maternidade (Mestrado em Artes)

Resumo: A pesquisa apresentada surge da tensão entre os processos de criação na arte têxtil contemporânea e os movimentos relacionados à maternidade. O objetivo principal é promover um debate sobre a feminização histórica das artes têxteis, com ênfase no bordado, no contexto artístico ocidental retomando os  estudos de Rozsika Parker (2019), Ana Paula Simioni (2010) e outros autores relevantes. A pesquisa problematiza o lugar da maternidade na contemporaneidade, refletindo sobre as intersecções dessa experiência no corpo da mulher. Além disso, aprofunda-se no processo de significação das obras de arte relacionadas à maternidade e suas relações na própria criação artística. Exemplos de trabalhos de artistas como Juana Gómez, Simone Barreto, Zuzu Angel, Malu Teodoro, bem como de coletivos de bordado como Linhas de Resistência e Arpilleras. A análise visa compreender como essas artistas encontraram no bordado uma linguagem subversiva para abordar sua condição feminina. Propõe-se a construção de um trabalho prático, que combina experiências pessoais e investigações teóricas, utilizando o bordado como linguagem para a criação poética, a qual será apresentada em forma de exposição ao final do estudo, sendo inseridos registros em fotografia das obras desenvolvidas. O objetivo é pensar e criar novas bordaduras, materializadas em um experimento visual que surge da pesquisa de campo e da escrita científica, tecendo redes híbridas de afetos. Por meio da arte, busca-se mobilizar novas narrativas sobre o papel da maternidade na constituição da mulher e do feminino. No embasamento teórico, utiliza-se a ideia de adensamento de rede descrita por Bruno Latour (2005), a qual permite compreender as relações complexas e interconectadas entre os diversos elementos envolvidos no campo do bordado como forma de expressão política e social. Quanto aos mecanismos de coleta de dados, são adotados os princípios da análise de material proposta por Cecília Salles (2008) a partir da discussão desde a Crítica Genética, permitindo examinar a produção artística subjetiva e as referências teóricas  como elementos que se entrelaçam e se influenciam mutuamente, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada da temática abordada.